CÂMARA DE LOBOS - DICIONÁRIO COROGRÁFICO

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Actuais Brasão de Armas, Bandeira e estandarte do concelho de Câmara de Lobos (27 de Junho de 1997)

 



Brasão de armas do concelho de Câmara de Lobos, de 4 de Janeiro de 1957



Mais antigo brasão de armas conhecido do concelho de Câmara de Lobos


Versão do brasão de armas do concelho de Câmara de Lobos, publicada na imprensa em 1937

 

 

Brasão de Armas do Concelho de Câmara de Lobos

 

O brasão de armas do concelho de Câmara de Lobos é constituído por um escudo de azul, âncora de ouro entre dois lobos marinhos de sua cor, afrontados. Coroa mural de prata de cinco torres. Listel branco, com a legenda a negro: "CÂMARA DE LOBOS"; Bandeira — gironada de oito peças de amarelo e azul. Cordão de borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro; Selo — nos termos da lei com a legenda "Câmara Municipal de Câmara de Lobos".

Sendo o brasão de armas um dos elementos de maior significado em termos de simbolismo de um município, é curioso verificar que os responsáveis pelos destinos do concelho de Câmara de Lobos, só na década de 40, é que lhe dão o devido significado e curiosamente não por sua iniciativa, mas perante a solicitação dos organizadores da exposição sobre o Mundo Português.

Ainda que desconheçamos a partir de que data terá surgido o primeiro brasão de armas do concelho de Câmara de Lobos, e apesar de julgarmos que ele possa ter surgido em data próxima à da criação do concelho, a sua mais antiga versão conhecida, e que a tradição diz ter sido inspirada numa velha peça de tapeçaria [1], surge pintada, em 1921, no tecto do antigo salão do Seminário da Encarnação, primitivamente convento do mesmo nome e pela primeira vez reproduzido na imprensa, em 1930 [2], [3], ilustrando uma reportagem sobre o concelho de Câmara de Lobos. De acordo com a descrição que o acompanhava na edição de 1930, ele era constituído por dois lobos marinhos, entre os quais existe um escudo com os castelos e o escudete com as quinas de Portugal [4].

Em 1940, a quando da exposição do Mundo Português, dada a necessidade de executar uma bandeira do município para nela figurar, os seus organizadores terão sido provavelmente confrontados com a ausência de informação adequada tanto relativamente a ela como ao brasão, razão pela qual a Procuradoria Geral dos Municípios se terá comprometido a estudar a sua elaboração [5].

Com efeito, em Janeiro de 1940, a Procuradoria Geral dos Municípios solicita à Câmara Municipal de Câmara de Lobos, a cópia do parecer da constituição heráldica da sua bandeira, em virtude e o terem extraviado, pedido que a Câmara não pode satisfazer porque também não o possuía [6].

Perante este facto, no mês seguinte, a Procuradoria Geral dos Municípios informa que o Comendador Afonso d’Ornelas iria estudar a constituição heráldica das armas do concelho de Câmara de Lobos [7].

Em Março de 1940, a Procuradoria Geral dos Municípios provavelmente por não ter presente o seu compromisso assumido anteriormente, ou então porque se voltou a extraviar, solicita à Câmara Municipal de Câmara de Lobos, o envio do parecer para a execução da bandeira destinada à exposição do Mundo Português, ao que a Câmara Municipal de Câmara de Lobos, responde não o poder devolver porque ainda não o havia recebido [8].

O processo entretanto ter-se-á arrastado e só na sua sessão camarária do dia 6 de Setembro de 1944, é que a Câmara Municipal de Câmara de Lobos aprova a heráldica do Município, não sem antes de ter sido dado parecer favorável por parte da Associação dos Arqueólogos Portugueses, mediante estudo efectuado pelo Conde de São Paio, que para o efeito teria sido nomeado pela Comissão de Heráldica.

Cerca de quatro anos depois a Câmara pede à imprensa municipalista a feitura do estandarte, que chega ao Funchal em Março de 1949 [9].

Contudo, apesar de, desde 1949, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos, ser detentora do seu estandarte dotado do respectivo brasão de armas e de, em 1952, surgir publicado na imprensa a propósito de uma reportagem sobre o concelho [10], a aprovação ministerial do brasão de armas só aconteceria mais tarde, vindo a ser publicada no Diário do Governo nº 3, II Série de 4 de Janeiro de 1957, nos seguintes termos: armas — De azul, com uma âncora de ouro entre dois lobos-marinhos de sua cor afrontados, postos em pala. Coroa mural de prata de quatro torres; bandeira — De amarelo, com 1 m2, tendo no centro o escudo das armas, encimado pela coroa mural. Cordões e borlas de ouro azul. Haste e lança douradas. Listel branco com as palavras “Câmara de Lobos”, em letras de negro. Selo: Redondo, tendo no centro a âncora entre dois lobos-marinhos afrontados, e em volta a legenda “Câmara Municipal de Câmara de Lobos”.

Posteriormente, com a elevação, a 3 de Agosto de 1996, da sede do concelho à categoria de cidade, novas alterações heráldicas têm lugar, sendo a mais significativa a passagem de 3 para 4 torres, no brasão de armas, por forma a lhe dar a característica de cidade.

Aprovado em sessão camarária de 9 de Janeiro de 1997, o novo brasão de armas, bandeira e selo do concelho de Câmara de Lobos vem a merecer, no dia 28 de Fevereiro, uma primeira aprovação por parte da Assembleia Municipal de Câmara de Lobos. A 4 de Junho de 1997, obtém parecer favorável, por parte da Comissão de Heráldica da Associação de Arqueólogos Portugueses, após o que, a 27 de Junho de 1997 é aprovado definitivamente pela Assembleia Municipal de Câmara de Lobos e a 9 de Setembro de 1997 é publicado no Diário da República, III Série.


 


[1]      Diário da Madeira, 1930 ou 1937.

[2]      Diário da Madeira, 7 de Setembro de 1930.

[3]      Diário da Madeira, 29 de Junho de 1937.

[4]      Diário da Madeira, 7 de Setembro de 1930.

[5]      Necessário procurar dados anteriores a Janeiro de 1940 para confirmar ou não a veracidade desta suposição.

[6]      Livro de vereações da CMCL, 25 de Janeiro de 1940.

[7]      Livro de vereações da CMCL, 22 de Fevereiro de 1940.

[8]      Livro de vereações da CMCL, 31 de Março de 1940.

[9]      De acordo com o Boletim Municipal de Abril de 1997, no dia 6 de Setembro de 1944 é aprovada em sessão da Câmara a heráldica do Município, não sem antes de ter sido dado parecer favorável por parte da Associação dos Arqueólogos Portugueses, mediante estudo do Conde de São Paio para o efeito nomeado pela Comissão de Heráldica. Cerca de quatro anos depois a Câmara pede à imprensa municipalista a feitura do estandarte, que chega ao Funchal em Março de 1949.

[10]     Jornal da Madeira, 27 de Julho de 1952.

Câmara de Lobos

Dicionário Corográfico
Edição electrónica

Manuel Pedro Freitas

 

Câmara de Lobos, sua gente, história e cultura