Capela da Vera Cruz

A
Capela da Vera Cruz situa-se no sítio da Vera Cruz, extremo oeste
da freguesia da Quinta Grande e foi de acordo com os dados disponíveis
mandada construir por João Gonçalves Zarco, como de resto dá a
entender o autor das Saudades
da Terra.
[...]
Chegando a um alto sobre Câmara
de Lobos, [João Gonçalves Zarco] traçou ali onde se fizesse
uma igreja do Espírito Santo. Passado mais abaixo a umas serras
muito altas, ali traçou outra igreja da Vera Cruz e todos estes
altos tomou para seus herdeiros [1].
Ao
longo dos tempos terá sido, no entanto, esta capela sujeita a várias
obras de restauro, facto que nos leva a admitir que pouco ou nada
existe da primitiva edificação.
Em
1613, por ocasião de uma Visitação
é mandada cercar de um muro, mesmo
que de pedra tosca afim de evitar que os animais nela entrassem.
Noutra Visitação realizada no ano de 1689 o Visitador
recomenda que como havia sido feito antigamente, a capela
necessitava de algum reparo afim de evitar que o gado que pastava
junto dela não entrasse no seu adro como muitas vezes acontecia. Em
1698, numa outra Visitação
efectuada, o Visitador
ordenava e exortava os fregueses para que dessem esmolas no sentido
de reparar a ermida da Vera Cruz por ser de muita veneração desde
o princípio da ilha e se encontrar muito danificada, a cujas
esmolas daria início o Vigário com a compra do tabuado e mais
madeira necessária.
No
século XVIII, segundo uma notícia publicada no Jornal da Madeira
de 28 de Junho de 1968, esta capela também terá sido objecto de
obras de restauro.
Em
1854, de acordo com o Padre Fernando Augusto da Silva, na sua obra Subsídios
para a História da Diocese do Funchal, terá sido inteiramente
reedificada com a finalidade de servir de igreja paroquial, função
essa que, no entanto, nunca viria a ter, uma vez que a sede acabaria
por ficar instalada na capela de Nossa Senhora dos Remédios, de
localização mais central relativamente à freguesia.
Em
1947 segundo as palavras do padre António Rodrigues Ferreira, pároco,
na altura, na Quinta Grande, a capela estaria em estado deplorável,
motivo porque inicia esforços no sentido do seu restauro que, de
acordo com o Jornal da Madeira de 5 de Março de 1949, terá
ocorrido no decurso de 1949, servindo de sede paroquial, a quando
das obras realizadas em 1950, na igreja de Nossa Senhora dos Remédios.


Em
1966, através de um ofício[2]
datado de 21 de Março, é presente à Câmara Municipal de Câmara
de Lobos um requerimento solicitando o restauro da capela, restauro
esse que fica concluído em 1968.
Segundo
um documento a esse propósito presente na Igreja paroquial da
Quinta Grande, as obras tiveram lugar em virtude da capela se
encontrar em ruínas, estando
a chover-lhe dentro e em muito mau estado. De acordo com o mesmo
documento, abriram-se duas
pequenas janelas, à maneira do século XVIII na sacristia e,
uma outra janela maior a oriente da capela que dá luz do sol para
dentro da sacristia logo ao amanhecer. A antiga porta da sacristia
ficava por baixo da actual sineira, onde ficou instalado um pequeno
armário que serve de vestuário à capela. Também se colocou na
frontaria da capela um beiral em cantaria pois este beiral era
simplesmente em cal. O pórtico principal foi restaurado visto estar
muito danificada a cantaria fraca, tirada bem próxima da capela,
pois existiu ali perto restos de pedra da mesma cor. A sineira ficou
tal qual era antigamente, somente subiu mais um pouco para fazer
simetria com a janela que lhe fica debaixo. Foi acrescentado o
lambris de azulejos e o pavimento em porcelana, bem como o ambão,
altar e toda a cantaria de junto ao altar. A talha foi restaurada
apenas ficando como era primitivamente [...].
No
dia 27 de Junho de 1968 estando concluídas estas obras, foi a
capela alvo de bênção solene, presidida pelo Bispo D. João António
da Silva Saraiva.
Nesta
capela realiza-se anualmente, no dia 3 de Maio se for domingo, ou no
domingo seguinte se não o for, a festividade em honra do seu orago.
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